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O que é a hipertrofia muscular?

por Ines Bleck en Jun 07, 2022

O que é a hipertrofia muscular?

De forma muito simples, podemos definir a hipertrofia muscular como o aumento do tecido muscular (ou mesmo da região transversal do músculo). Este processo adaptativo à contração muscular, encontra-se intimamente ligado a três fenómenos [1]:

  • Aumento de elementos contrácteis – sarcómeros (em série e/ou em paralelo)
  • Aumento de elementos não contrácteis (ex. colagénio, organelos, mioglobina, glicogénio etc.) e fluido sarcoplasmático.
  • Aumento da atividade das células satélite.

Em condições normais, a hipertrofia visível é o resultado do incremento dos sarcómeros (unidade contráctil do músculo) em paralelo [2, 3], que por sua vez resulta num aumento individual das fibras musculares e consequente aumento da região transversal do músculo [4].

Podemos pensar na hipertrofia em paralelo fazendo uma analogia entre o sarcómero e “sardinhas enlatadas”, onde cada unidade é tipicamente posicionada em paralelo. Por sua vez, a hipertrofia longitudinal poderá ser visualizada como o incremento dos sarcómeros de forma longitudinal, um pouco como a adição de “pérolas a um colar”. O aumento dos sarcómeros em série ocorre, tipicamente, quando o músculo é obrigado a adaptar-se a um novo comprimento funcional [4]. Alguma evidência também sugere que a hipertrofia em série possa ocorrer na fase inicial do treino, provavelmente nas 5 semanas iniciais [5, 6].

O tipo de treino pode também gerar hipertrofia longitudinal, se a velocidade da ação concêntrica for aumentada, mesmo em atletas treinados [5, 7]. Outros fatores, para além do exercício (tensão mecânica, dano muscular e stress metabólico), podem influenciar a resposta hipertrófica, nomeadamente: hipoxia, hormonas e citocinas, migração de células satélite, expansão celular e diversas vias miogénicas (akt/mTOR, MAPK e vias cálcio-dependentes) [1]. De forma resumida, os músculos podem incrementar as suas unidades contrácteis tanto em paralelo como em série, no entanto a primeira parece ser a verdadeira responsável pelo aumento da sua dimensão. Existe uma componente hereditária inegável, entre a quantidade total e apendicular (braços e pernas) de massa isenta de gordura (MIG) e a expressão de determinados genes, nomeadamente em relação a alguns polimorfismos genéticos (HSD17B11, VCAN, ADAMTSL3, IRS1, FTO) [8].

Apetece dizer, em tom de brincadeira, se querem mais massa muscular escolham bem os pais 😊 - No entanto não desanime! Apesar de existir uma importante componente hereditária, no que diz respeito aos ganhos de massa muscular, a mesma é um órgão muito dinâmico que responde facilmente a estímulos como o treino e a nutrição [9].

 

Bibliografia
  1. Schoenfeld, B.J., The mechanisms of muscle hypertrophy and their application to resistance training. J Strength Cond Res, 2010. 24(10): p. 2857-72.
  2. Paul, A.C. and N. Rosenthal, Different modes of hypertrophy in skeletal muscle fibers. J Cell Biol, 2002. 156(4): p. 751-60.
  3. Tesch, P.A. and L. Larsson, Muscle hypertrophy in bodybuilders. Eur J Appl Physiol Occup Physiol, 1982. 49(3): p. 301-6.
  4. Toigo, M. and U. Boutellier, New fundamental resistance exercise determinants of molecular and cellular muscle adaptations. Eur J Appl Physiol, 2006. 97(6): p. 643-63.
  5. Blazevich, A.J., et al., Training-specific muscle architecture adaptation after 5-wk training in athletes. Med Sci Sports Exerc, 2003. 35(12): p. 2013-22.
  6. Seynnes, O.R., M. de Boer, and M.V. Narici, Early skeletal muscle hypertrophy and architectural changes in response to high-intensity resistance training. J Appl Physiol (1985), 2007. 102(1): p. 368-73.
  7. Alegre, L.M., et al., Effects of dynamic resistance training on fascicle lengthand isometric strength. Journal of Sports Sciences, 2006. 24(5): p. 501-508.
  8. Zillikens, M.C., et al., Large meta-analysis of genome-wide association studies identifies five loci for lean body mass. Nature Communications, 2017. 8(1): p. 80.
  9. Smith, G.I. and B. Mittendorfer, Sexual dimorphism in skeletal muscle protein turnover. J Appl Physiol (1985), 2016. 120(6): p. 674-82.