Bettery

O que são proteínas?

by Ines Bleck on Jun 08, 2022

O que são proteínas?

As proteínas são biomoléculas extremamente interessantes. A sua importância encontra-se bem patente na raiz etimológica da palavra, oriunda do grego proteos significando “primário” ou “de primeira ordem” [10]. A sua distribuição no organismo é de ≈40 % no músculo esquelético e ≈25 % nos órgãos, estando o restante distribuído entre a pele e o sangue [10]. São inúmeras as funções destas moléculas, sendo, no entanto, mais importantes do ponto de vista estrutural e funcional. As proteínas podem ser enzimas (catalisadores químicos), canais membranares, proteínas de transporte, hormonas, colagénio e até representar uma pequena parte da membrana celular (glicoproteínas), entre outras funções fundamentais [11, 12].

São também proteínas que constituem os filamentos contráteis miosina e actina, sendo estas uma parte maioritária da unidade contráctil do músculo, o sarcómero [1, 13].

As proteínas variam de pequenos péptidos a cadeias de monómeros (aminoácidos) extremamente complexas podendo chegar a centenas de milhares de unidades de massa (Da) [11]. Os aminoácidos que constituem as proteínas são todos codificados pelo nosso código genético. Assim, consideram-se 20 aminoácidos como proteogénicos (formam proteínas), podendo considerar-se eventualmente 21, já que a selenocisteína possui também codão específico (é sintetizada a partir do codão stop UGA) [11].

Destes 20 (ou 21) aminoácidos - 9 são essenciais - o que significa que o corpo não consegue sintetizá-los e tem de obrigatoriamente os obter a partir da dieta (triptofano, valina, treonina, isoleucina, lisina, leucina, fenilalanina, metionina, histidina), os restantes são não essenciais ou condicionalmente essenciais [11].

De forma simples, usando a analogia de um “colar de pérolas”, as proteínas são “colares de pérolas” onde cada aminoácido corresponderá a uma pérola. A ligação entre cada pérola (aminoácido) designa-se por ligação peptídica (quimicamente ligação amida). A forma como estas “pérolas” interagem entre si, irá alterar a forma do colar no contexto tridimensional – estas interações são comumente designadas por estrutura secundária, terciária etc.

 

Porque é importante manter a massa muscular?

A importância da massa muscular no desempenho desportivo [14], sobretudo quando associada à redução da massa gorda é amplamente conhecida [15]. Observam-se vantagens não apenas do ponto de vista estético, mas também ao nível da redução do custo energético, termorregulação e maior rácio massa/potência [16]. Mesmo fora do âmbito desportivo observam-se vantagens, nomeadamente no que concerne à obesidade, doença cardiovascular, insulinorresistência, diabetes e osteoporose [17]. Nas populações idosas é absolutamente fundamental a manutenção da massa muscular, pela sua relação com a mobilidade, qualidade de vida e prevenção de diversas doenças crónicas [18]. O músculo representa um dos nossos mais importantes ativos metabólicos e como tal, em condições normais, deverá ser preservado ao máximo.

 

Bibliografia
  1. Schoenfeld, B.J., The mechanisms of muscle hypertrophy and their application to resistance training. J Strength Cond Res, 2010. 24(10): p. 2857-72.
  2. Paul, A.C. and N. Rosenthal, Different modes of hypertrophy in skeletal muscle fibers. J Cell Biol, 2002. 156(4): p. 751-60.
  3. Tesch, P.A. and L. Larsson, Muscle hypertrophy in bodybuilders. Eur J Appl Physiol Occup Physiol, 1982. 49(3): p. 301-6.
  4. Toigo, M. and U. Boutellier, New fundamental resistance exercise determinants of molecular and cellular muscle adaptations. Eur J Appl Physiol, 2006. 97(6): p. 643-63.
  5. Blazevich, A.J., et al., Training-specific muscle architecture adaptation after 5-wk training in athletes. Med Sci Sports Exerc, 2003. 35(12): p. 2013-22.
  6. Seynnes, O.R., M. de Boer, and M.V. Narici, Early skeletal muscle hypertrophy and architectural changes in response to high-intensity resistance training. J Appl Physiol (1985), 2007. 102(1): p. 368-73.
  7. Alegre, L.M., et al., Effects of dynamic resistance training on fascicle lengthand isometric strength. Journal of Sports Sciences, 2006. 24(5): p. 501-508.
  8. Zillikens, M.C., et al., Large meta-analysis of genome-wide association studies identifies five loci for lean body mass. Nature Communications, 2017. 8(1): p. 80.
  9. Smith, G.I. and B. Mittendorfer, Sexual dimorphism in skeletal muscle protein turnover. J Appl Physiol (1985), 2016. 120(6): p. 674-82.
  10. Gropper, S., Smith, J., Groff, J., Advanced Nutrition and Human Metabolism. 5th ed. 2009, Wadsworth: Cengage Learning.
  11. Voet, D., Voet, J.G., Pratt, C.W., , Fundamentals of Biochemistry 4th ed. 2013, New Jersey: John Wiley & Sons.
  12. Campbell, M., Farrel, S.O. , Biochemistry. 2009, Belmont: Thomson Brooks/Cole.
  13. Katch, V., McCardle W., Katch, F., Essentials of Exercise Physiology. 4th ed. 2011, Philadelphia: Wolters Kluwer.
  14. Roelofs, E.J., et al., Muscle size, quality, and body composition: characteristics of division I cross-country runners. Journal of strength and conditioning research, 2015. 29(2): p. 290-296.
  15. Slater, G.J., et al., Physique traits of lightweight rowers and their relationship to competitive success. British Journal of Sports Medicine, 2005. 39(10): p. 736.
  16. Murphy, C.H., A.J. Hector, and S.M. Phillips, Considerations for protein intake in managing weight loss in athletes. Eur J Sport Sci, 2015. 15(1): p. 21-8.
  17. Wolfe, R.R., The underappreciated role of muscle in health and disease. Am J Clin Nutr, 2006. 84(3): p. 475-82.
  18. Larsson, L., et al., Sarcopenia: Aging-Related Loss of Muscle Mass and Function. Physiol Rev, 2019. 99(1): p. 427-511.